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27 de janeiro de 2013

Bruxelas distante

Bruxelas - Foto da Luisinha

A chuva miudinha. O céu cinzento. Sobre as casas. Sobre nós. Regresso um ano atrás. Bruxelas. Onde, na altura, daria muito para ver um pouco do nosso céu azul, um pouquinho que fosse do brilho do nosso sol.
Os passeios de sábado à tarde. O 54 na Trinité até à Porte Namur, daí o metro à estação Rogier saindo no interior do City 2. Subindo escadas rolantes, desaguando em plena Rue Neuf, ladeada de lojas de todas as marcas, montras apelativas.
A música. Vagueava pelas ruas ao som da música do Equador, (tinhamos "rendez-vous" todos os sábados). Um pouco de calor no cinzento, na chuva miudinha, no vento suave, gelado.
Obrigatória passagem pela Grand Place. Onde, bem no centro, olhando ao redor, respirava fundo. A História. As gentes. Bruxelles!
Só. Na imensa multidão. Acompanhada pela saudade das pessoas que muito queria estivessem comigo partilhando cada pequenino grande nada.
A paragem num qualquer café. Que quentinho! Um pedacinho de calor sempre acompanhado com um bombom, uma bolachinha.
Ao cair da tarde, o regresso "chez titi Connie". Enquanto aguardava o 54, imperdoável o gauffre quentinho. Ainda hoje sinto aquele cheiro e o aconchego que me proporcionava.
As luzes da cidade aqueciam, docemente, as pessoas continuavam, sem alteração, sem mais pressa, alheias ao frio, à chuva, como se os lugares de destino não se alterassem nem um pouco. Estava certo. O destino. Assim como eu, tinha certo o meu. Aquela casa acolhedora onde me sentia num qualquer lugar do mundo. Os tons amarelo e azul forte da sala de estar, o bambu, as plantas, a música africana, o calor das velas acesas, o perfume quente e suave do incenso, o carinho, as longas conversas noite fora, os telefonemas de/para Portugal, as pessoas que apareciam, da África do Sul, Holanda, Síria...
A confirmação de que se estava no coração da Europa, no centro do Mundo.

Lisboa, Fevereiro 1996

24 de janeiro de 2013

Regresso

Há viagens ida e volta. Há viagens sem regresso. Após cada viagem não somos mais a mesma pessoa. Pequenas, grandes diferenças, mas jamais se regressa igual.

Esta ausência foi uma grande viagem. Não a volta ao mundo, não muitas pequenas viagens. Uma grande viagem. Ao interior do meu ser. Dum limite que não sabia alcançar.Afinal, ultrapassamos o que pensamos ser o nosso limite.

Houve sim, viagens sem retorno. Alguém que fazia parte de mim e, que continuará em mim. E, a minha própria viagem. Regressei. Estou aqui. Diferente. Mas estou.