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29 de abril de 2014

Regresso

A luz dos faróis projecta-se na porta, ao centro do prédio branco, chamando a atenção a barra amarela à volta das janelas.
Sobe o olhar, o número sete é reconfortante. Antes de entrar, aspira o odor de lenha queimada, adivinhando gente ao redor da lareira nas casas vizinhas. Cães ladram ao longe, salpicando o silêncio da noite.
No hall, o cheiro de plantas regadas. Abre a porta sem pressa. Pétalas de rosas secas fazem esquecer o silêncio da casa. Um pequeno corredor à direita e, outro que termina na divisão desejada.
Sem estilo definido, móveis com história de família, convivem com estantes repletas de livros que aconchegam. Do exterior da janela, adivinha-se a relva aparada. A cama, convida ao sonho desperto.
A enorme cama de tubo preto, lembrando ferro, enche o olhar da divisão. Ladeada de mesinhas de cabeceira com tampo de mármore, espelho, pés altos e compartimento onde, na geração anterior se colocava o bacio de porcelana, contam quase um século na família, assim como a cómoda castanha que juntas, há muito aguardam restauração a rigor. Na parede, sobre a cómoda, um espelho emoldurado, aproveitamento do roupeiro dos avós maternos que não resistiu ao passar dos anos.
Aos pés da cama, estantes com o mesmo tom, repletas de livros, uns ordenados alfabeticamente ou por temas, outros ao acaso.
A escrivaninha junto à janela, ocupa grande parte da única parede que dá para o exterior, onde o sol permanece até se esconder.
No canto oposto, a mesinha de chá, pertença da avó Alice, onde convivem fotografias de pessoas em momentos felizes.

F.A. Outubro 2009