Meia
dúzia de pessoas saem do comboio. Em silêncio. A estação renovada. Não olha pormenores. Sobe a avenida como se não tivesse destino. Vai andando. No Rossio,
o silêncio já não é silêncio. Circulam automóveis e um som vindo dos céus,
fá-la olhar o azul, único. Alto, muito alto, um monomotor rasga o sossego do
céu.
Sente-se
insegura, talvez não deveria estar aqui. Continua no seu passo, decidida.
Na
praça central, senta-se numa das esplanadas. Sem pressa. Há paz. E silêncios
cortados. E o sol a banhar-lhe o rosto.
Assusta-se
quando o empregado lhe perturba os pensamentos. “ Um café, se faz favor.”
Não
repara no jovem, sentado na mesa em diagonal á sua, supostamente alheio aos
sons e silêncios.
Muitos
minutos depois, levanta-se. Sobe a rua em direcção à Sé entre turistas e gente
da terra. Entra e sai numa e noutra loja de artesanato, sem interesse, como se
vagueasse num sonho.
Entra
na catedral deserta. Memórias atropelam-se, quebrando a paz.
Na
rua, um vento quente e seco abraça-a de mansinho.
Contempla
o templo, sem tempo nem horas.
Em
pequenos passos, chega ao jardim. Senta-se num banco, ao sol quente. Juras de
amor eterno, beijos roubados, sonhos perdidos no tempo. Há tanto tempo!
Regressa
á praça, lentamente, a esticar os minutos. Entra num táxi. “Boa tarde. Por
favor, para Lisboa, aeroporto.”
No
dia seguinte, uma foto multiplica-se em partilhas on-line.
“
Jovem atento, capta princesa em visita secreta às origens”.
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